quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Flagrantes mostram roupas da Zara sendo fabricadas por escravos

Por três vezes, equipes de fiscalização do governo federal flagraram em São Paulo trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da badalada marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex.

A apuração é de Bianca Pyl e Maurício Hashizume, da Repórter Brasil – que acompanhou as mesmas ações retratadas na noite desta terça pelo programa A Liga, na TV Bandeirantes, e levou o nome da Zara aos TTs mundiais no microblog Twitter. Os dois jornalistas esmiuçaram o processo de produção e comercialização da empresa e trazem um relato completo do que pode estar por trás do mundo da moda:

Na mais recente operação que vasculhou subcontratadas de uma das principais “fornecedoras” da rede, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de apenas 14 anos, foram libertadas de escravidão contemporânea de duas oficinas – uma localizada no Centro da capital paulista e outra na Zona Norte. Para sair da oficina que também era moradia, era preciso pedir autorização.

A investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) – que culminou na inspeção realizada no final de junho – se iniciou a partir de uma outra fiscalização realizada em Americana (SP), no interior, ainda em maio. Na ocasião, 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes; parte do grupo costurava calças da Zara. As informações puderam ser liberadas agora para não prejudicar os trabalhadores e o processo de fiscalização.

“Por se tratar de uma grande marca, que está no mundo todo, a ação se torna exemplar e educativa para todo o setor”, coloca Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou de todas as etapas da fiscalização. A ação, complementa Giuliana, serve também para mostrar a proximidade da escravidão com pessoas comuns, por meio dos hábitos de consumo. “Mesmo um produto de qualidade, comprado no shopping center, pode ter sido feito por trabalhadores vítimas de trabalho escravo.”

O quadro encontrado pelos agentes do poder público, e acompanhado pela Repórter Brasil, incluía contratações completamente ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16h diárias e cerceamento de liberdade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos salários, o truck system, seja pela proibição de deixar o local de trabalho sem prévia autorização). Apesar do clima de medo entre as vítimas, um dos trabalhadores explorados confirmou que só conseguia sair da casa com a autorização do dono da oficina, só concedida em casos urgentes, como quando levou seu filho ao médico.

Quem vê as blusas de tecidos finos e as calças da estação nas vitrines das lojas da Zara não imagina que, algumas delas, foram feitas em ambientes apertados, sem ventilação, sujos, com crianças circulando entre as máquinas de costura e a fiação elétrica toda exposta. Principalmente porque as peças custam caro. Por fora, as oficinas parecem residências, mas todas têm em comum as poucas janelas sempre fechadas e com tecidos escuros para impedir a visão do que acontece do lado de dentro das oficinas improvisadas.

As vítimas libertadas pela fiscalização foram aliciadas na Bolívia e no Peru, país de origem de apenas uma das costureiras encontradas. Em busca de melhores condições de vida, deixam os seus países em busca do “sonho brasileiro”. Quando chegam aqui, geralmente têm que trabalhar inicialmente por meses, em longas jornadas, apenas para quitar os valores referentes ao custo de transporte para o Brasil. Durante a operação, auditores fiscais apreenderam dois cadernos com anotações de dívidas referentes à “passagem” e a “documentos”, além de “vales” que faziam com que o empregado aumentasse ainda mais a sua dívida. Os cadernos mostram alguns dos salários recebidos pelos empregados: de R$ 274 a R$ 460, bem menos que o salário mínimo vigente no país, que é de R$ 545.

As oficinas de costura inspecionadas não respeitavam nenhuma norma referente à Saúde e Segurança do Trabalho. Além da sujeira, os trabalhadores conviviam com o perigo iminente de incêndio, que poderia tomar grandes proporções devido a quantidade de tecidos espalhados pelo chão e à ausência de janelas, além da falta de extintores de incêndio. Após um dia extenuante de trabalho, os costureiros, e seus filhos, ainda eram obrigados a tomar banho frio. Os chuveiros permaneciam desligados por conta da sobrecarga nas instalações elétricas, feitas sem nenhum cuidado, que aumentavam os riscos de incêndio.

As cadeiras onde os trabalhadores passavam sentados por mais de 12 horas diárias eram completamente improvisadas. Alguns colocavam espumas para torná-las mais confortáveis. As máquinas de costura não possuíam aterramento e tinham a correia toda exposta (foto acima). O descuido com o equipamento fundamental de qualquer confecção ameaçava especialmente as crianças, que circulavam pelo ambiente e poderiam ser gravemente feridas (dedos ddas mãos decepados ou até escalpelamento).

Para Giuliana, a superexploração dos empregados, que têm seus direitos laborais e previdenciários negados, tem o aumento das margens de lucro como motivação. “Com isso, há uma redução do preço dos produtos, caracterizando o dumping social, uma vantagem econômica indevida no contexto da competição no mercado, uma concorrência desleal”.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lavrou 52 autos de infração contra a Zara devido as irregularidades nas duas oficinas. Um dos autos se refere à discriminação étnica de indígenas quéchua e aimará. De acordo com a análise feita pelos auditores, restou claro que o tratamento dispensado aos indígenas era bem pior que ao dirigido aos não-indígenas.

A primeira oficina vistoriada mantinha seis pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos, em condições de trabalho escravo. No momento da fiscalização, os empregados finalizavam blusas da Coleção Primavera-Verão da Zara, na cor azul e laranja (fotos acima). Para cada peça feita, o dono da oficina recebia R$ 7. Os costureiros declararam que recebiam, em média, R$ 2 por peça costurada. No dia seguinte à ação, 27 de junho, a reportagem foi até uma loja da Zara na Zona Oeste de São Paulo (SP), e encontrou uma blusa semelhante, fabricada originalmente na Espanha, sendo vendida por R$ 139.

De outra oficina localizada em movimentada avenida do Centro, foram resgatadas nove pessoas que produziam uma blusa feminina e vestidos para a mesma coleção Primavera-Verão da Zara. A intermediária AHA pagava cerca de R$ 7 por cada peça para a dona da oficina, que repassava R$ 2 aos trabalhadores. Peça semelhante a que estava sendo confeccionada foi encontrada em loja da marca com o preço de venda de R$ 139. Uma jovem de 20 anos, vinda do Peru, disse à reportagem que chegou a costurar 50 vestidos em um único dia. Em condições normais, estimou com Maria Susicléia Assis, do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, seria preciso um tempo muito maior para que a mesma quantidade da difícil peça de vestuário fosse toda costurada.

Foi apurado que até a escolha dos tecidos era feita pelo Departamento de Produtos da Zara. O fabricante terceirizado encaminhava peças piloto por conta própria para a matriz da Zara (Inditex) na Espanha, após a aprovação de um piloto pela gerente da Zara Brasil. Somente após a anuência final da Europa, o pedido oficial era emitido para o recebimento das etiquetas. Na opinião de Luís Alexandre Faria, auditor fiscal que comandou as investigações, a empresa faz de tudo, porém, para não “aparecer” no processo.

Para a fiscalização trabalhista, não pairam dúvidas acerca do gerenciamento da produção por parte da Zara. Entre os atos típicos de poder diretivo, os agentes ressaltaram “ordens verbais, fiscalização, controle, e-mails solicitando correção e adequação das peças, controle de qualidade, reuniões de desenvolvimento, cobrança de prazos de entrega etc.”

Em resposta a questões sobre os ocorridos enviadas pela Repórter Brasil, a Inditex – que é dona da Zara e de outras marcas de roupa com milhares de lojas espalhadas mundo afora – classificou o caso envolvendo a AHA e as oficinas subcontratadas como “terceirização não autorizada” que “violou seriamente” o Código de Conduta para Fabricantes. De acordo com a Inditex, o Código de Conduta determina que qualquer subcontração deve ser autorizada por escrito pela Inditex. A assinatura do Código do Conduta é obrigatória para todos os fornecedores da companhia e foi assumido pelo fornecedor em questão (AHA).

A empresa disse ter agido para que o fornecedor responsável pela “terceirização ão autorizada” pudesse “solucionar” a situação imediatamente, assumindo as compensações econômicas dos trabalhadores e comprometendo-se a corrigir as condições de trabalho da oficina flagrada com escravidão.

Haverá, segundo a Inditex, um reforço na revisão do sistema de produção para garantir que não exista outro caso como este. “Estamos trabalhando junto com o MTE para a erradicação total destas práticas que violam não só nosso rígido Código de Conduta, como também a legislação trabalhista brasileira e internacional”. Em 2010, a Inditex produziu mais de 7 milhões de unidades de peças no Brasil, desenvolvidas, segundo a empresa, por cerca de 50 fornecedores que somam “mais de 7 mil trabalhadores”. O total de peças que estava sendo produzido irregularmente (algumas centenas de peças), adicionou a Inditex, representa “uma porcentagem inferior a 0,03%” da produção do grupo, que é um dos maiores do mundo no segmento, no país.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/08/17/flagrantes-mostram-roupas-da-zara-sendo-fabricadas-por-escravos.jhtm

Fotos e vídeos: http://www.coletivoverde.com.br/zara-trabalho-escravo/

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Deputados iniciam debates sobre a divisão do estado do Pará


Objetivo é discutir sobre a criação dos estados de Carajás e Tapajós
O plebiscito sobre a divisão do Pará ocorrerá no dia 11 de dezembro.

Frente parlamentar para discutir a divisão do estado
do Pará .Parlamentares fizeram nesta quinta-feira , no Congresso, o pré-lançamento das frentes pró-divisão do estado do Pará para a criação dos estados de Carajás e Tapajós. O objetivo é ampliar a divulgação do movimento de separação. Outras duas frentes contra a divisão também devem ser criadas em breve.

“O projeto dos novos estados dispensa apoio financeiro do governo federal”, garante o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), que é líder da frente em favor de Carajás. Segundo ele, não constará no projeto a obrigatoriedade da União em repassar recursos.

“O estado de Carajás nascerá com a maior capacidade de investimento do país no primeiro ano”, comenta Queiroz. O deputado afirma que o estado terá um custeio de R$1,8 bilhão por ano para manutenção.
“É a primeira vez na história que uma nova unidade federativa será criada por meio de um plebiscito”, afirma o deputado Lira Maia (DEM-PA), líder da frente a favor de Tapajós. Segundo Maia, o plebiscito será feito em todo o estado do Pará, não apenas nas regiões que serão emancipadas.

O plebiscito sobre a divisão do Pará ocorrerá no dia 11 de dezembro, quando os eleitores do estado responderão se concordam ou não com a criação dos dois novos estados. Nesta sexta-feira o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) discutirá em audiência pública as regras para o plebiscito.

De acordo com o deputado Lira Maia, a incorporação de novos recursos transferidos aumentará a renda per capita do paraense em três vezes. “Tapajós será o terceiro maior estado da federação”, afirma. Para ele, a divisão do estado é o maior projeto de desenvolvimento que se discute para o Pará.

A representatividade política da região irá aumentar. Serão 30 deputados federais, contra 17 da atualidade. Os senadores passarão de três para nove. “Isso aumenta o poder político e favorece o aumento de investimentos”, diz o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA). Para ele, o resultado é que o governo do estado fica mais próximo da população.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Enem 2011 será única forma de seleção em pelo menos 30 universidades federais

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2011 será a única forma de seleção para os cursos do primeiro semestre de 2012 em pelo menos 30 universidades federais. Segundo levantamento feito pelo UOL Vestibular, 24 instituições já confirmaram o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) como única forma de ingresso – as adesões mais recentes foram da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Unifei (Universidade Federal de Itajubá), em Minas Gerais.
Em outras seis universidades a seleção será feita somente com a nota do Enem, mas não necessariamente pelo Sisu.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2011/08/02/enem-2011-sera-unica-forma-de-selecao-em-pelo-menos-30-universidades-federais-confira.jhtm

Para ver informações sobre como as instituições usarão a nota do ENEM, acesse: http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2011/08/02/enem-2011-sera-unica-forma-de-selecao-em-pelo-menos-30-universidades-federais-confira.jhtm

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Umidade Relativa do Ar


Faixa vermelha no gráfico mostra umidade abaixo de
20% nesta segunda (Foto: Inmet/Reprodução)
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um alerta especial nesta segunda-feira (15) para o registro de baixa umidade do ar em 11 estados e no Distrito Federal.
Segundo o meteorologista do Inmet Amílton Carvalho, a previsão é de que a baixa umidade continue sobre o país até sexta-feira (19), concentrando-se principalmente sobre o Distrito Federal e o estado de Goiás.
Nesta segunda, a umidade relativa do ar no Distrito Federal atingiu o índice de 10% às 14h, quando a temperatura ambiente chegava a 26,6 ºC.

A marca é recorde para o país e só havia sido registrada anteriormente, também no DF, em 2002 e 2004, segundo o Inmet. As medições do Inmet começaram a ser feitas em 1961.
saiba mais
Umidade do ar cai para 10% no DF e iguala recordes de 2002 e 2004
Contra incêndios, Parque Nacional de Brasília faz queimadas controladas
Conforme Carvalho, a baixa umidade deve permanecer em toda a região Centro-Oeste do país, principalmente em Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A umidade também fica baixa, entre 20% e 30%, em Rondônia e norte de Tocantins.
O Inmet também comunicou aos órgãos de Defesa Civil dos estados preocupação com baixa umidade no norte de São Paulo e oeste de Minas Gerais, além de Pará, Maranhão, Bahia e sul de Piauí.

Memorial JK em Brasília, que registrou 10% de umidade relativa do ar na tarde desta segunda-feira (15) (Foto: Káthia Mello/G1)
“A massa de ar seca que está sobre o país permanecerá até sexta-feira sobre toda a região Central, principalmente no Centro-Oeste. A exceção é para Mato Grosso do Sul, onde já pode chover na quinta-feira (18) e elevar a umidade do ar”, afirma Carvalho ao G1.
O meteorologista diz que os meses de agosto e setembro sempre registram baixa umidade no país, mas que o pico registrado nesta segunda-feira no Distrito Federal surpreendeu. “A previsão é de que a umidade continue baixa no DF nesta terça-feira, ou um pouco mais elevada, chegando a cerca de 12%”, acrescenta ele.