segunda-feira, 6 de junho de 2011

Egito legaliza partido da Irmandade Muçulmana

Partido da Liberdade e da Justiça foi aprovado, diz agência oficial.
Confraria islâmica era ilegal sob o governo do ditador Hosni Mubarak.



O Partido da Liberdade e da Justiça, originado da confraria Irmandade Muçulmana, foi legalizado nesta segunda-feira (6) no Egito, anunciou a agência oficial Mena.

"A comissão de assuntos partidários aprovou a formação do Partido da Liberdade e da Justiça", indicou a agência.

A confraria Irmandade Muçulmana foi fundada no Egito em 1928 por Hassan al-Banna, e sua doutrina se organiza em torno ao dogma "tawhid" (unicidade de Deus), e da fusão do religioso e do político.

Estava oficialmente proibida durante a presidência de Hosni Mubarak, que foi obrigado a renunciar em 11 de fevereiro passado, por pressão popular.

A Irmandade Muçulmana anunciou em 30 de abril que lançaria seu próprio partido com o objetivo de conquistar a metade das cadeiras do futuro Parlamento.

Segundo seus fundadores, o novo partido é "civil, mas apoiado nos princípios da sharia (lei islâmica)".

Um dos dirigentes do partido, Saad al Katatni, informou que em torno de mil mulheres e uma centena de coptas (cristãos do Egito) faziam parte do núcleo de 8.000 membros fundadores.

O vice-presidente do partido, Rafiq Habib, é da religião copta.

Seus integrantes, banidos da esfera política, apenas tolerados, dipunham de influentes redes de ajuda social.

Chegaram a dispor de 88 cadeiras na Assembleia, após as legislativas de 2005, mas boicotaram o segundo turno eleitoral de dezembro de 2010, denunciando fraudes em massa e violência da parte do partido no poder do presidente Hosni Mubarak.

A confraria islamita, que apresentava seus candidatos como "independentes", não teve nenhum eleito no primeiro turno, de 28 de novembro.

O poder constituído não escondeu a vontade de enfraquecer sua representação, antes das presidenciais de setembro de 2011.

Em novembro, um relatório do Departamento de Estado americano havia sublinhado que a Irmandade Muçulmana estava "sujeita a detenções arbitrárias e a pressões da parte do poder".

Tornou-se particularmente ativa nas mesquistas, onde realizava ações de ajuda aos mais humildes, assim como nas universidades e nos sindicatos, como um movimento mais antigo do islamismo sunita. Durante a história, oscilou entre a oposição violenta ao poder e a colaboração, através de pregadores de um Estado islâmico com garantias de respeito ao jogo democrático.

Na década de 40, praticou atos sangrentos, entre eles o assassinato do primeiro-ministro Mahmud Fahmi al-Noqrachi em 1948. Seus membros tornaram-se, então, objeto de uma repressão brutal.

O presidente Gamal Abdel Nasser endureceu ainda mais a política contra eles entre 1954 e 1970, após uma tentativa de assassinato, atribuída ao movimento. Seus membros passaram a ser detidos aos milhares.

A partir de 1956, beneficiaram-se de uma ajuda financeira e militar da CIA americana, pronta para tudo, para enfraquecer um poder apoiado pela URSS.

Em 1971, Anwar Sadat, que sucedeu a Nasser, libertou a Irmandade, proclamando anistia geral.

Mas seus membros viveram muito mal a reviravolta de Sadat e a assinatura dos acordos de paz com Israel. Em 1981, Sadat foi assassinado por antigos membros da Irmandade que se deixaram levar pelo extremismo.

Fonte: http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2011/06/egito-legaliza-partido-da-irmandade-muculmana.html

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