Novos temores de crise na Europa e nos EUA derrubam mercados
As novas medidas do Banco Central Europeu e o alerta de contágio da crise feito pela Comissão Europeia convulsionaram as bolsas de valores nesta quinta-feira. A turbulência chegou ao Brasil, onde a Bovespa fechou em baixa de 5,72%, a maior desde novembro de 2008.
O alerta feito pela Comissão Europeia ocorreu dois dias depois que o governo dos Estados Unidos chegou a um acordo de última hora com o Congresso para aumentar o teto de endividamento do país, evitando um calote na sua dívida.
Para o professor Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, ainda é difícil precisar se a queda foi pontual ou se vai continuar nos próximos dias.
"O quase calote dos Estados Unidos e o acordo da Grécia que ainda não foi implementado dão uma percepção de maior risco político", diz Castelar.
Nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central europeu, Jean-Claude Trichet, disse que a instituição deve comprar títulos de países com dificuldades. Além de Grécia, Portugal e Irlanda, que já receberam pacotes de resgate, Itália e Espanha vem aumentar o nível de desconfiança em relação aos seus papéis.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, também admitiu que as medidas adotadas pela União Europeia têm se mostrado insuficientes para conter a crise, que segundo ele já não está mais localizada apenas na periferia da zona do euro.
Ao fim do dia, a bolsa de Frankfurt fechou em baixa de 3,4%, enquanto a de Londres caiu 3,43%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 4,3%. Já o índice Nasdaq, de empresas de alta tecnologia, teve queda de 5,1%. Em São Paulo, a Bovespa fechou em -5,72%, a 52.811 pontos.
Para Castelar, o mercado financeiro pode estar se ajustando à realidade de outros setores da economia.
"A recuperação das bolsas após a contração econômica (a partir da crise de 2008) foi muito maior que o restante da economia. As bolsas se recuperaram quase ao nível pré-crise, enquanto o crescimento econômico foi muito baixo e o desemprego continua em alta (nos EUA e na Europa)", diz.
"Parece haver um realismo por parte dos investidores. E agora há um reconhecimento de que deve haver um ajuste nas contas dos países ricos", diz.